Vida natural

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Para fugir de indenizações, trecho de acesso ao aeroporto Aluízio Alves será pelo Rio Doce e Gramorezinho

Terraplanagem é encoberta por cortina vegetal no Rio Doce
Após sofrer três modificações, o projeto de acesso ao Aeroporto Aluízio Alves em São Gonçalo do Amarante, pela zona norte está, finalmente, sendo executado.  As modificações aconteceram devido a inviabilidade de se construir vias duplas passando por dentro dos conjuntos e loteamentos da desta região de Natal com suas ruas estreitas, o que iria desapropriar centenas de imóveis e tornando a obra a um valor muito alto. Mas, quem vai sair no prejuízo vai ser o meio-ambiente, em vista de que a via vai ligar a Ponte Newton Navarro a BR 101, com o asfalto cortando o chamado cinturão verde de Natal, banhado por lagoas que despejam suas águas no já poluído Rio Doce. O trecho estará pronto no final de março.
Antes de optar pelo projeto atual, os primeiros estudos apontavam para a ampliação da Avenida João Medeiros Filho e da Thomaz Landim.  A outra aposta foi na ligação da Ponte Newton Navarro pela Moemia Tinoco e, na altura do Gramorezinho, o percurso seria desviado para a Avenida das Fronteiras. Neste projeto, foram executadas algumas obras visando facilitar abrir espaço para a sua execução. Inclusive algumas desapropriações foram feitas no conjunto Soledade II e notificações na Avenida das Fronteiras. Também um viaduto foi construído, o do Santa Catarina.
Mas, o impasse maior aconteceu na altura de um trecho conhecido com “S das Fronteiras”. Neste trecho das Fronteiras, construções irregulares  afunilaram a avenida e na altura da Thomaz Landim foram construídas grandes lojas, o que se agravou ainda mais o problema.
Neste projeto seria construído um complexo de túneis na altura do Nordestão do Gancho. Em conversa com um funcionário do Nordestão, ele me informou que a direção do supermercado estava estudando reformas no prédio da loja em vista de que o estacionamento seria indenizado. Neste projeto, seria construído uma sobreloja e no térreo ficaria para estacionamento.
Entretanto, com o novo trajeto ao acesso ao aeroporto, o poder público se livrou destes conflitos. Tanto politicamente, quanto na economia, a curto prazo, a administração municipal e estadual sairão lucrando. Porém, dentro de alguns anos, a ressaca vai ser sentida. O trecho vai cortar uma reserva natural muito rica. A estrada crescerá os olhos do investimento imobiliário e a urbanização desta área será inevitável. Com ela, vegetações serão destruídas e em consequência, o complexo de lagoa secará. Entre estas lagoas, estão a de Extremoz, Lagoa Azul e o Rio Doce. Aliás, estes dois últimos já vêm sofrendo com ocupações irregulares. Apenas elas serão aceleradas com a nova estrada asfaltada.
Estudos hidrográficos tem comprovado de que estas lagoas tem uma especialidades. Elas não são alimentadas por rios afluentes, mas por águas que brotam naturalmente pela vegetação nativa. Ou seja, são os conhecidos "olheiros d'água". Logo, ao destruir a vegetação, elas não receberão mais água e secarão.

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