Vida natural

domingo, 17 de dezembro de 2017

Acadêmicos do Morro inaugura espaço cultural, lança samba enredo e realiza ritual de coroação de musas e raihas para o carnaval de 2018

Yara Negreiros, Rainha da Bateria da Acadêmicos
A tarde e noite deste domingo foi de muito samba na Ribeira, com a inauguração do Espaço Cultural Acadêmicos Samba Show. O evento contou com dezenas de atrações locais e também serviu para o tradicional ritual de coroamento das rainhas, musas e porta bandeira da escola do bairro de Mãe Luiza.

O evento, que  era aguardado com muita expectativa  pelos foliões potiguares, em especial aos sambistas da Acadêmico foi um marco para a escola de samba natalense.

 Com a inauguração do espaço cultural, a Acadêmicos  inicia uma nova era e tem a oportunidade de por em prática  o sonho de seus dirigentes, que é da realização de eventos não somente nos meses que antecipam o carnaval, mas o ano inteiro. Também o de envolver a comunidade com aulas, palestras e atividades culturais.



A frente Zé Zumberto e a belíssima madrinha Yza de Oliveira
Na oportunidade, diretores da escola aproveitaram para falarem da dificuldade que é fazer o carnaval em Natal. José Humberto disse que é a direção não tem medido esforço no sentido de manter o carnaval de Natal vivo. Adiantou que não é uma luta apenas da Acadêmicos mais de todas as outras escolas. Ele disse que as escolas de samba potiguares tem de fazer um carnaval grande para poder ver se conta com apoio dos órgãos públicos.

O evento também apresentou o samba enredo da escola para o carnaval de 2018, que neste ano homenageia os Mártires de Uruaçu e Canguaretama. O samba é interpretado pelo sambista carioca Tem Tem. No coroamento das musas e rainha do carnaval, Yara Negreiros foi mais uma vez escolhida como rainha de bateria da escola. A sua escolha é considerada mais do que merecida pela comunidade, pois a passista não tem apenas samba  no pé, mas goza de grande simpatia por todos os membros da Acadêmicos.


Subiram ao palco do Espaço Cultural as atrações locais como Samba Com, Renato Paiva, Joel do Cavaco, Sérgio Nuance, Zorro Ezequias, Josimar do Cavaco, Rogério Lucarino, Denise e João Tobias.

As atrações fizeram a festa dos carnavalescos, e muitos aproveitaram o momento para mostrarem que Natal ainda samba de boa qualidade, principalmente nos bairro das Rocas e Mãe Luiza onde se encontram as três maiores escolas de samba do Estado, Balanço, Malandro e Acadêmicos.

O Espaço Cultura da Acadêmicos do Morro fica na Rua Teotônio 351, Ribeira. Ao lado da Escola Estadual Padre Monte.



Diretor de bateria Antônio Cristianoaquece músicos para execução do samba enredo da Acadêmicos que é uma homenagem aos mártires de Uruaçu e Canguaretama no Rio Grande do Norte.

 

 

 

 

 

Porta-bandeira da Acadêmicos,  Karol Nascimento e o mestre sala Leonel, se apresentam no Espaço Cultural, momento antes do coroamento e lançamento oficial do samba enredo da Acadêmicos para o carnaval de 2018.




Jackleine, passista da escola fez seu show a  parte e chamou foliões para caíram no samba, momento antes que se iniciava a coroação das rainhas,musas e samba enredo do carnaval da Acadêmicos para 2018.




Abaixo, fotos de passistas dando seu show particular 

  O gingado da mulata aliado ao do passista, símbolo do malandro carioca é um dos passos que chamam mais atenção de quem está numa roda de samba. Numa mistura de arte, com sedução, estes passos vão além do ritual do acasalamento como é visto nas mais variadas espécies de animais.

Ele, no fundo, simboliza demarcações de trações de identidade dos negros africanos no Brasil. Demonstração do gingado que não está somente no samba, mas na capoeira e na vida do africano. Assim, enquanto a mulata mostra seu gingado, o malandro passista faz referência a sua beleza. Recado dado e bem aceito pelo gênero feminino. Afinal de contas, qual a mulher não se sente realizada por um cavaleiro de alto nível?  

Infelizmente, orientado por aculturação europeia cristã, até os anos 70 e pelo evangelismo  norte americano toma conta do pais na atualidade, muitos demonizam esta bela coreografia. Mas, para quem tem suas raízes culturais na África, sabe extrair a beleza deste passo. Afinal de contas, os dançarinos que atingem este nível, não são muitos, ou seja, é a elite do samba. Eu com toda sinceridade e minha forte carga genética europeia, parafraseio o antropólogo francês Pierre Verger,  "não tenho espiritualidade para tanto".
Verger, de família tradicional europeia foi racista até ver de perto a riqueza cultural dos negros. Daí em diante, ele se transferiu para a Bahia de onde passou a fazer pesquisa como observador participante, até se converter ao candomblé. Porém nunca conseguiu "bolar no santo". O entrave, para ele, era não ter sangue africano na veia, e por isto jamais chegaria ao ápice da espiritualidade dos africanos.