Vida natural

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Unidos do Gramoré é campeã do carnaval natalense de 2009

A escola de samba Unidos do Gramoré é a campeã do carnaval 2009. E como manda o roteiro de um bom carnaval as fantasias foram o diferencial da festa. Foi esse o critério que definiu o nome da escola campeã. Depois de quase três horas de suspense as escolas Unidos do Gramoré e Acadêmicos do Morro empataram com 117,5 pontos.
O primeiro lugar, que de acordo com o regulamento, só pôde ser definido após a análise das notas da categoria fantasia, terceira a ser aferida nesses casos - as duas escolas obtiveram as mesmas notas nos dois primeiros critérios de desempate: bateria e evolução.
Em segundo lugar ficou a Acadêmicos do Morro, de Mãe Luíza, e em terceiro, Malandros do Samba, do bairro das Rocas. A escola Unidos de Areia Branca, do Mãe Luíza, subiu para o grupo ``A'' enquanto que a escola de Ceará-Mirim, Império do Vale, desceu para o grupo B.
Para o presidente da escola de samba, há 19 anos no carnaval de Natal, a vitória é exemplo de que a zona Norte também tem samba no pé. ``O samba está no berço do Gramoré. É para mostrar que o samba não vem só das Rocas'', comemora enquanto fazia referência a presença de três escolas do bairro no grupo A. Elino Julião, a estrela do Seridó foi o tema da Unidos do Gramoré, que apresentou 18 atrações na avenida, entre alas, carros alegóricos e destaques(Fonte DN.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

"Baiacu na Vara" confirma hegemonia do carnaval potiguar e arrasta mais de 10 mil foliões na Redinha

A alegria contagiou a Redinha ao meio-dia desta quarta-feira. O desfile do "Baiacu na Vara" confirmou que este é a maior e a mais simpática agremiação carnavalesca potiguar. O bloco reuniu mais de 10 mil foliões e para os amantes do frevo, a Redinha se transformou na Olinda potiguar, com os tradicionais bonecos gigantes, sombrinhas, serpentina e muito frevo.
A supresa anunciada a sete chaves pela diretora Cristina Medeiros, foi revelada no desfile. Mais bonecos gigantes do que o tradicional, e que resgatam os mestres do carnaval, como Dosinho. Há ainda personagens de Lampião e Maria Bonita e os tradicionais "Boi de Reis". Se na vida real, o baiacu é um peixinho feinho e indegustável, alegoricamente, "O Baiacu na Vara" é muito simpático. Acolhe todas as troças, inclusive as que participaram de outros carnavais do Estado, como Macau, Mossoró e Areia Branca, como afirmou Cristina.
Na concentração, Cristina Medeiros não escondia a alegria. Ela lembrou que o bloco surgiu num desafio com o seu pai. "Prometi que botaria um bloco na quarta-feira. Na manhã, meu pai me acordou e falou em tom de deboche. Cadê seu bloco?". Sem alegoria, a foliã pegou um lencol de cama e saiu desfilando pela praia. Alguns amigos foliões a seguiram e gostaram da brincadeira. No ano seguinte surgia o Baiacu na Vara. Hoje aos 19 anos, o bloco adiou o final do carnaval para a quarta-feira. E o mais interessante, é que a alegria do Baiacu parece ter contagiado os outros blocos. O Carnaval da Redinha entrou pela noite de quarta-feira.

"O Camburão" prolonga a folia até noite de quarta-feira

Mesmo o relógio já marcando 18h da quarta-feira, os foliões ainda não deram tregua. Desta vez, a alegria estava por conta do bloco "O Camburão". A troça foi fundada com intuíto de reunir os militares que trabalharam durante o carnval. Mas como eles podem brincar, se ninguém arredava o pé na Redinha? E o percurso, o maior de todos. A saída foi do Rio Doce (na altura da delegacia civil), passando por toda extensão da João Medeiros Filho, depois de dar a costumeira paradinha no bar "O Pé do Gavião", e em frente ao Mercado Público da Redinha, retornou a capelinha do bairro. Em seguida, já noite, os foliões foram se juntar aos outros que brincavam na Praça do Cruzeiro. Alguns foliões eufóricos, nãoi demonstrando cansaço, lamentavam a proximidade do final da folia. Alguns mais afoitos adiantavam que a próxima agremiação deveria ser o 'harbeas corpus', uma sátira aqueles que fizeram 'besteiras' no carnaval.

Ressaka arrasta multidão às 16h na Redinha

Pelo visto ontem parece que os tempos em que a quarta-feira não é mais de cinzas, mas um dia a mais no calendário carnavelesco da Redinha. Depois da saída do Baiacu na Vara, ao meio-dia, tradicional bloco que foi fundado com o objetivo de reunir as pessoas que não poderam brincar o carnaval porque passaram o período momesco trabalhando, outros blocos continuaram a desfilar entrando pela noite da quarta-feira de 'cinzas'. Entre eles estava "O Ressaka", foto ao lado. Saindo da Praça do Cruzeiro, por onde o bloco passava arrastando as pessoas que estavam em frente as suas casas, provocando um engarrefamento para quem tentava chegar a praia da Redinha Velha. No bar o "Pé do Gavião" a tradicional paradinha para o banho de mangueria, enquanto os que retornavam da praia findavam também caindo na folia.

Terça-feira agitada na Redinha, antecipa saída do Baiacu na Vara hoje pela manhã

O penúltimo dia de carnaval da Redinha parece ter sido o primeiro. Depois dos "Cão" ter feito a festa pela manhã, todos os blocos voltaram à tarde e as ruas do antigo bairro ficaram totalmente tomadas. Priemrio foi a vez do Siri, depois a tribo Tapuii e em seguida o Zé Prikito. Daí em diante, a folia parece ter contagiado a todos e ninguém queria mais perder as últimas horas que faltavam para o término da festa. Ontem à noite, os foliões já começaram a tocar as músicas do Baiacu na Vara, bloco que vai sair às 10h de hoje.
Por volta das 17h30, os bonecos, estandartes e sombrinhas coloridas da Banda do Siri tomam conta da praça, em celebração ao seu 21º ano de carnaval.
De todos os blocos, um chamou a atenção, a Cobra Coral. Uma colorida cobra de 16 metros é a alegoria principal, acompanhada pelos bonecos gigantes e os músicos da banda. O bloco tem um curioso atrativo a mais: é puxado por uma caminhonete com um barril onde se serve uma mistura de cachaça e refrigerante, de graça. Já pensando no próximo ano, o coordenador Leonel Leite adiantou que no próximo carnaval a novidade vai ser que a bebida vai sair do rabo da cobra.
Leonel explicou que a Redinha tem uma tradição de fazer bons carnavais. Para ele vbasta que a prefeitura e o governo do Estado entrem com apoio inicial, aí o povo começa a gostar da brincadeira e entra na farra. Após a passagem de mais uma série de blocos movidos a frevos e marchas, a festa se concentrou nos palcos do antigo Buiú, ao som de artistas como Khrystal, Antônio de Pádua, e Nonato Negão.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Sol da tregua e "Os cão" reinam absoluto no carnaval da Redinha

Depois de um dia de muita chuva, "Os Cão" entraram com força total na manhã desta terça-feira de carnaval na praia da Redinha. Mantendo a tradição de cada um usar o máximo de criatividade na 'confecção' de sua fantasia, aproximadamente 3 mil cães desfilaram pelas principais ruas da praia do litoral norte. A concentração, ou seja, onde os foliões 'pegam' seus abadás, a maré que fica no Rio Doce, provocou um extenso engarrafamento, onde carros de passeios, alternativos e ônibus se misturavam com os foliões. Teve rainha dos Cão, Cão Corno, Cão bicha, e até o chefe dos infernos, onde acima do seu chifre conduzia uma tela com vários bonequinhos simbolizando os foliões caninhos já no inferno.Abaixo algumas fotos do desfile de hoje de manhã.

"Os Cão" consegue arregimentar família inteira como esta. A clã, tem sangue nas veias e não perde um desfile da troça mais animada do Brasil.







O chefe dos "Cão" com seus soldadinhos protetores.

A Rainha dos "Cão", mesmo com alguns quilinhos não desejados por Gisele Bundchen, desfilou muito charme e beleza na Redinha.




Os cornudos também tem seu lugar no inferno, é o que simbolizava a fantasia de um dos Cão mais animado no carnaval da Redinha.

“Os Cão”: reflexão sobre o bloco que garante a folia da terça-feira na Redinha

Hoje, às 10h, a grande atração da Redinha é o bloco "Os Cão"(assim mesmo, artigo no plural, com substantivo no singular). A concentração acontece no mangue do Rio Doce, início da Ponte Newton Navarro. De lá, os foliões vão até o mangue pegar seus abadás e saírem pelas ruas e orla marítima. Impossível ficar indiferente a sua passagem. Os familarizados com a brincadeira ficam contagiado, os que ainda não conhecem sentem uma espécie de espanto, enquanto os que não gostam da brincadeira encontram mil e uma maneira para rechaçá-lo, com bando de desocupados, vândalos etc.
Mas, imagino, uma das grandes perguntas para as mentes mais reflexiva é de como surgiu esta brincandeira. Corre uma enda que "Os Cão" surgiu de uma experiência solitária de um folião das bandas da Salgadeira, que no final da década de 1950 vagava pelas ruas do bairro da Cidade Alta completamente embriagado e coberto de lama do mangue, tocando um reco-reco (foda-se o acordo ortográfico) cuja mola era distendida numa lata de "óleo benedito", cortada ao meio, friccionada por uma vareta de ferro marcando ritmicamente o único refrão: "Óia o cão... óia o cão... óia o cão, jaraguá!!!" Não tinha menino sambudo que ficasse por perto. Era o próprio "cão" em figura de gente!Outros nativos, contam que "Os Cão" surgiram de uma prática em que pescadores e desempregados, sem ter recursos para brincar o carnaval idealizaram atacar os veranistas em suas casas. Um grupo se lameava e ao chegar em frente ao portão da casa da praia onde os ricaços estavam se banqueteando,estes pediam uma doze de bebida e um tiragosto. Sentindo a amaeça de terem suas casas enlameadas, o proprietário já guardava um porção de bebida e outra de tiragosto para os foliões nativos.
Além destas duas lendas giram outras.Acompanho "Os Cão" desde de 1978, quando presenciava um grupo de pouco menos de 50 pessoas saírem na praia enlameado, com uma criança numa rede de pesca pedindo bebidas nas barracas e famílais que levavam comida e bebida para a Redinha. Até os anos 70, a praia era pouco explorada e seus frequentadores se dividiam em nativos que em sua maioria vivia da pesca, abastados que tinha casas de veraneio, e algumas família humildes (hoje denominadas de farofeiros)que faziam pique-nique.
O que pude observar é que a brincadeira começou a tomar corpor a partir dos anos 80, principalmente quando um grupo de intelectuais começaram a frequentar a Redinha. Entre eles estava o jornalista Vicênte Serejo, professor do Curso de Comunicação Social da UFRN, e editor do Diário de Natal. Serejo, escrevia diariamente uma coluna intitulada "Cena Urbana", o qual comentava o cotidiano de Natal, e nas férias, da Redinha, praia que declaraca ser um dos grandes amores de sua vida. Inclusive publicando um livro com fotos de pescadores, a igrejinha, etc.
A partir daí, várias matérias começaram a ser publicado no Diário de Natal, depois na Tribuna do Norte sobre a alegria do carnaval da Redinha, sendo "Os Cão" a grande atração.
A partir daí, o bloco dos excluídos da Redinha começava a ganhar novo estatus. A intelectualidade começou a querer conhecer o bloco, inclusive com turistas vindo de outros Estados somente para se lamearem na Redinha. No final da década de 80, estava fazendo faculdade e, incentivado pela Sílvia Serejo, eu e outros colegas do curso também entramos no mangue. Naquela manhã de muita lama, tive a oportunidade de conhecer um casal de sociólogo gaúcho que também se meteram na lama para vivenciarem uma espécie observador participante. Também constatei outros participantes, como médicos, artistas, etc.
Além do mais, é bom lembrar que nas décadas de 70 a 80, o Brasil passava por transformações políticas e culturais. O discurso intelectual valoriza as manifestações tidas com genuinamente populares. Ou seja, aquilo que era produzido sem a presença da elite administrativa, ligada ao militarismo. Irreverente, "Os Cão" agradava as pessoas de espíritos brincalhões, mas também os adeptos do anarquismo e do socialismo. No fundo, o bloco tipicava uma rebeldia ao carnaval elitizado, conceito muito aceito pela intelectualidade.
Os tempos mudaram, as doutrinas póliticas nos dias atuais estão praticamente mortas. Porém, a irreverência e a descontração ainda encarna o espírito desta troça. Os jovens dos anos 70 e 80 hoje são velhos. O modelo cultural e econômico contemporâneo é essencialmente de consumo. O tempo de se viver o essencial passou, resta agora o prazer momentâneo. "Os Cão", ao meu ver, sobrevive pela farra,ou pelo "fusuê". Um grupo muito restito está ligado aos fundamentos. Digo isto porque faço uma espécie de pesquisa solitária sobre esta questão. Ontem estive com meus filhos na ruínas de São Miguel, em Extremoz. Mesmo já estando concluindo o ensino médio, desconhecem aquele rico patrímônio histórico e cultural. Tento lembrá-los, mas, faço minhas as palavras do líder religioso judaíco, João Batista, em que declarou: "Sou uma voz que fala no deserto". Ou como diz o teólogo Ricardo Gondim, a maior preocupação de ficar velho não são as rugas do rosto, mas se tomar conhecimento de que toda a sua forma de pensar sobre o mundo não tem mais sentido. Ou seja, somos viúbos da vida, pois como defende Rubens Alves, a estabilidade matrimonial não está na cama ou na mesa, mas na afinidade de pensar do casal, na satisfação de encontrar no outro a sua mesma fala.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Falta de apôio público e chuvas não conseguem abafar a alegria dos foliôes na Redinha

Além do tímido apôio que a Prefeitura de Natal dispensou ao carnaval da Redinha, as chuvas que começaram a cair desde a tarde de ontem na cidade, tem contribuído para esfriar ainda mais a animação momesca no litoral norte do RN, como aconteceu durante à tarde de ontem.
Como para o bom folião, nem o tempo, nem a crise afastam sua alegria, os carnavalescos da Redinha enfrentaram todo o obstáculo e tentavam manter acesa a chama do carnaval na praia que durante muito tempo ostentou a tradição do melhor carnaval do litoral natalense.

Quando o real e o imaginário se intercruzam

Por volta das 15h30 da segunda-feira presenciei uma cena das mais inusitadas. Ao caminhar para observar como se encontrava a movimentação na Praça do Cruzeiro, observei uma conglomeração de foliões que se expremiam na estreita travessa do campo, uma ruela que liga o bairro residencial a orla marítima. A frente, daquilo que imaginava ser um bloco que se aproximava, vinha um caixão de defunto. Imaginava ser uma sátira a crise econômica, mas constatei que o esquife não tinha qualquer ornamentação, ou enfeito chamativo, que tipificasse uma alegoria carnavalesca. Na verdade, não era nada imaginário, mas sim real. Tratava-se de um cortejo funerário, o qual seguia o mesmo trajeto do bloco, que retornava da praia rumo a concentração na Praça do Cruzeiro