Vida natural

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Menino pobre encontra no cordel sua única fonte de conhecimento

Menino pobre do interior do Estado, Rariosvaldo (natural de Rafael Fernandes) encontrou no cordel sua única oportunidade de acesso ao saber. O contato se deu graça ao amor de sua genitora, a doméstica Zumira Maria de Jesus, pela literatura nordestina. O professor que viveu toda a sua infâcia em Olho d’Agua dos Borges, lembra que dona Zumira enquanto fazia suas obrigações domésticas cantava os versos de cordéis. “Isto era o dia todo”, explica o professor, lembrando que sua mãe também ganhava o sustento com costuras.
O hábito de dona Zumira findou contagiando Rariosvaldo que logo se interessaria em ler os cordéis que existiam em sua casa. “Esta era a única leitura disponível no meu tempo de criança. Livros, revistas e jornais eram artigos difíceis de serem encontrados no meu tempo de infância”. O professor lembra que logo leria quase toda uma coleção intitulada “Cruzeiro do Norte”, que entre outros títulos estavam “Pavão Misterioso”, “O cachorro dos mortos”, “O negrão do Paraná e o seringueiro do Norte” e “João Grilho” , “O sabido sem estudo”, entre outros.
As lembranças da vida simples de criança é quem alimenta o amor pelo cordel. “Tem poemas, que ao ouvir, parece me transportar a minha infância em Olho d”Àgua, lembra emocionado o professor. Ele encerra a entrevista, e com os olhos brilhando de alegria, recitando, de cor, o poema abaixo:

O camponês vive em paz
Por mais recurso que tenha
Prefere um fogão de lenha
Do que um fogão à gás.
Pelas telhas e frechás
Sai fumaça do fogão
Que se espalham no oitão
Cheiro de café coado.
Quer ver um reino encantado
Passe os tempos no sertão”.

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