João Bosco é professor da UERN no Potengi, Zona Norte |
Na oportunidade, João Bosco falou que parece paradoxo, mas
falar de morte é falar de vida, de ética, cidadania e relações pessoais. O fato
é que, como mostra o filósofo francês Edgar Morin, o tempo histórico
contemporâneo vem se construído todo um discurso negativo em relação a morte,
um fato que é notório e inevitável na vida humana.
Mas, vivemos num mundo de valorização do novo, do belo, do
corpo esbelto. O mais crítico deste modelo que se instalou é que a morte foi
antecipada, ensinou o doutor em Educação. Desta forma, as pessoas ao atingirem
a maturidade querem viver eternamente a adolescência e assim antecipam a sua
morte. Isto porque já se morre na adolescência, em vista que a vida se resuma a
beleza física.
O palestrante mostrou que a "boa morte" deve ser
antecipada por uma preparação familiar e de amigos, Ou seja, de que o moribundo
deve contar com a presença daquelas pessoas que realmente vão guardar a sua
memória. Mas, o modelo atual matou a memória do morto. Ele até brincou, "o
luto é feito via curtição no facebook". Geralmente, o enfermo é jogado no
hospital, ausentes dos familiares e amigos e ao receber o atestado de óbito é
transportado para um velório que fica ao lado do cemitério e em seguida
sepultado. Quase ninguém vive mais o luto, até porque a memória do falecido já
havia sido sepultada há muito tempo.
Com formação no campo da psicanálise, João Bosco explicou
que a morte está ligada a perda, E toda perda um luto. Assim, o tema morte não
é exclusivamente da morte física humana, Mas pode ser existencial também. Um
namorado, um marido, um emprego, a transferência de um lugar para outro, Estes
acontecimentos remetem ao sentimento de perda e luto. A pessoa que sofreu tais
perdas deve passar por um período de luta, para em seguida reconstruir sua nova
vida.
O fato é que a primeira vista, o tema "Morte"
parece assustador e muitos querem distância. Mas, se for aberto um diálogo para
reflexão ele se torna interessante. Pena que as escolas ainda não estejam
preparadas para um tema tão fascinante, que no fundo vai desaguar em "vida
plena". João Bosco encerrou a palestra fazendo a seguinte reflexão.
"Vejam que a experiência de pessoas que viveram o "quase morte",
ao saírem do coma, relatam que não sentem mais interesses em riquezas ou outros
valores materiais, Mas, o que eles desejam é viver bem e intensamente com
amigos, familiares, amando e ajudando ao semelhante.
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