Professores de Natal em visita ao terreiro de Mãe Luciene |
Mas, um fato chamou a atenção da população do bairro nesta segunda-feira. É que dezenas de professores da rede municipal de ensino tiveram uma aula de campo, no terreiro de Mãe Lucine, que é um dos maiores do RN. Luciene, que atualmente está cursando Ciências da Religião
falou sobre alguns símbolos e rituais do Candomblé e da Jurema.
Por ser religiões muito rica em simbologia, o tempo não deu
para abarcar o universo de simbologia e ritualística da cultura. Porém, não se
pode negar que os professores que estiveram nesta aula de campo saíram com
muitas informações até o momento desconhecidas.
Na oportunidade, Luciene comentou que mesmo o preconceito
sendo muito grande quanto a religião, não se pode negar a louvável iniciativa
da Secretaria de Educação de Natal ter promovido esta aula de campo. A mãe de santo também lembrou que mesmo
existindo uma lei específica para o resgate a cultura afro-descendência, na
realidade, em outras gestões eventos como este vinham sendo sempre adiado, o
que culminava em falta de tomada de decisão. Na realidade, lembrou Luciene, era
uma espécie de “banho-maria”, e assim, a gestão terminava seu período e nada de
efetivo era feito.
Depois de feita estas considerações e saudações aos
professores presentes no terreiro, Luciene conduziu a turma a entrada do
terreiro, e fez uma caminhada por todo o espaço comentando e respondendo
perguntas de cada simbologia presente no terreiro. Entre esta explicação,
Luciene falou do simbolismo dos sacrifícios de animais. Ela lembrou que este é
um ritual bastante questionado, mas em sua essência está a transferência de
energia. “Nós não sacrificamos um animal simplesmente por sacrificá-lo. Para
que isto aconteça se tem de ter um motivo bem claro. O sacrifício simboliza uma
transferência de energia”, explicou. Na oportunidade, ele mostrou o couro de um
bode que havia sido sacrificado. Neste caso, a carne serviu para alimentar a
comunidade, e o couro será transformado em instrumento musical que será usado
no ritual religioso.
Respondendo a uma pergunta da professora Aninha, Luciene
falou sobre a importância dos vegetais no candomblé. Ela lembrou que cada
vegetal plantado no terreiro tinha uma simbologia própria. No candomblé, cada
orixás detém conhecimentos de diversas ervas, mais de cada. Além do candomblé,
a jurema, que é uma religião genuinamente nordestina, também tem uma relação
muito forte com a cura através das plantas. Inclusive, de que a religião leva o
nome de uma árvore que é símbolo do Nordeste. Ela é resistente a seca e de suas
raízes, caules e folhas e flores são retirados princípios ativos para diversos
males que podiam acometer o índio nordestino, ou seja, o caboclo da mata.
Assim, a árvore seria carregada de uma mística própria.
NÚMEROS - Mesmo o número de igreja pentecostais sendo maioria, o fato é que as religiões de origem afrodescendente ocupam um bom espaço no bairro de Jardim Progresso. No bairro existem 14 terreiros, sendo o de Mãe Luciene o maior dele.
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